Redirecionamento

sexta-feira, 25 de junho de 2010

1 ano sem o rei do pop

Quando fiz a tal promessa de postar apenas sobre Copa nesse período, não devo ter me recordado que o dia 25 de junho iria cair durante a Copa do Mundo. É neste dia que o mundo perdeu um dos maiores gênios de sua música. O blog preparou uma homenagem que reconta alguns dos passos da carreira desde astro, uma longa, mas reveladora reportagem. Não vamos celebrar uma data onde não há nada a ser comemorado e sim relembrar os principais momentos da carreira daquele que mudou o mundo das artes. Vale a pena favoritar e conferir na íntegra.

O Conexão Espetacular também homenageia Michael. Confira matéria inédita

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A música popular americana deu origem a três ídolos incontestáveis no século passado. Frank Sinatra foi... Frank Sinatra. Elvis Presley foi a cintura e o topete do rock. Michael Jackson, o terceiro, inventou a música pop – e não há exagero nessa afirmação. Ele derrubou uma das últimas barreiras que restavam entre brancos e negros nos Estados Unidos, desde o movimento dos direitos civis nos anos 60. Em vez de música para brancos e música para negros, agora havia sua fusão revolucionária de duas tradições. Jackson elevou formas de dança das ruas à categoria de arte. Assombrou com seu estilo extravagante de se vestir, que definia, afinal, o que é um ícone pop: alguém que vive em um mundo em que as únicas regras a seguir são as próprias regras. Vendeu 750 milhões de discos, 100 milhões deles de Thriller, o álbum de maior sucesso da história da discografia mundial. Na quinta-feira passada, Michael Jackson morreu, aos 50 anos, depois que seu médico e os paramédicos de Los Angeles falharam em ressuscitá-lo de uma parada cardíaca. Estava longe dos palcos havia anos. Era visto como a personificação das deformações que a fama é capaz de imprimir, até mesmo fisicamente, em quem vive dela. Numa paráfrase da frase célebre de Winston Churchill, Jackson continuará sendo uma lenda envolta em mistério, dentro de um enigma. No momento de sua morte, contudo, voltou a ser o que foi na maior parte da vida: um ícone.

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No início da década de 80, momento de explosão de Jackson, nem nos confins do planeta se encontraria um adolescente que não tivesse se arriscado a imitar o quase impossível moonwalk, a dança que ele inventou ao fundir a suavidade dos passos de Fred Astaire à agressividade dos dançarinos de break, ou suas coreografias sensacionais, profundamente estilizadas – como aquela mão na virilha que era, ao mesmo tempo, erótica e uma paródia do erotismo. Hoje, não se encontra em lugar nenhum artista pop que não dance no palco à maneira de Jackson: como uma declaração criativa que avança por territórios e sentidos aos quais a letra e a melodia não chegam. Mas essa foi apenas uma das revoluções de Jackson. 

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As imagens de Thriller, catorze minutos que sempre pareciam curtos demais, cravaram o videoclipe como a forma essencial de veicular uma música e ajudaram a tornar a MTV uma força decisiva entre o público jovem. E o público jovem (com a ajuda decisiva de Walter Yetnikoff, então presidente da CBS, que ameaçou tirar todos os artistas da companhia da MTV caso ela não exibisse Thriller) obrigou a emissora, que antes torcia o nariz para artistas de música negra, a abrir sua programação para eles. Hoje, o rap e o rhythm’n’blues (R&B) são os estilos hegemônicos na emissora.

Jackson desenhou ainda o mapa de comportamento do ícone pop para as décadas seguintes: o artista inacessível que, com suas esquisitices e demandas, causa frenesi entre os paparazzi, aumenta a circulação dos tabloides e leva seus assessores e contratantes à loucura. Pop star que se preze, hoje – e a lista vai de astros normais como Madonna, Justin Timberlake e Mary J. Blige a excêntricos do quilate de Mariah Carey e Britney Spears –, reza pela cartilha escrita por Jackson. Em uma reflexão que só pode ser feita a posteriori, Jackson foi ainda um exemplo definitivo do soft power, ou a tração que um país exerce por meio de conceitos e ideias. Na primeira parte da década de 80, a economia americana estava às voltas com um dado novo e desconcertante: a ascensão esmagadora do Japão como potência industrial – e dono de uma indústria não mais imitadora, como antes, mas criadora. A Sony japonesa lançou, nesse período, um ícone cultural tão poderoso quanto o próprio Thriller: o walkman, acessório que inaugurou a era da portabilidade da música. Mas os Estados Unidos, se não inventaram o aparelho, tinham a música que se ouvia nele – a de Michael Jackson.

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Ele de fato criou o pop. Até a década de 70, a música jovem se dividia em dois nichos distintos. Havia o rock e suas variações, consumidos principalmente por adolescentes brancos e de classe média. E havia a música negra – soul, funk, disco, rhythm’n’blues –, que era ouvida por negros. Jackson quebrou essa barreira em discos como Off the Wall, de 1979, e Thriller, de 1982, e borrou para sempre a linha que separava os dois universos. Nesses discos, o cantor talhou as linhas de baixo e bateria na medida para as pistas de dança; mas associou-as à vibração característica do rock’n’roll. Até mesmo as origens de um fenômeno social notável entre os jovens americanos, o dos adolescentes brancos que querem falar, dançar e agir como negros, podem ser traçadas diretamente à sua influência.

Descontado Stevie Wonder, que lançou o primeiro disco aos 12 anos, mas cujo apelo nunca residiu no magnetismo ou na dança, Michael Jackson foi o primeiro grande ídolo mirim da música. Nascido em 29 de agosto de 1958 em Gary, no estado de Indiana, desde cedo ele mostrou talento para o canto e a dança. Seu pai, Joseph, que havia tentado a carreira num grupo de rhythm’n’blues, percebeu logo o talento de Michael, bem como de seus outros filhos. Transformou-os no Jackson Five, que ensaiava exaustivamente. Em 1968, o grupo foi contratado pela gravadora Motown, a referência mítica da música negra. A audição do Jackson Five para Berry Gordy Jr., fundador e presidente da Motown, deixa claro que a estrela ali era Michael. No vídeo remanescente do teste, ele canta I Got the Feelin’, de James Brown, e encarna todos os trejeitos do astro do funk – mas com graça própria. 

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Ao se lançar como artista-solo, em 1971, Jackson já havia aprendido muito sobre composição e produção musical. Teve a sagacidade de, pouco depois, aliar-se ao produtor Quincy Jones, que havia feito carreira no mundo do jazz. Eles colaboraram nos álbuns Off the Wall, Thriller e Bad. Jackson não era ainda o recluso das últimas décadas, mas um artista curioso e vivo. Muitos dos ritmos presentes nesses trabalhos nasceram de suas idas às discotecas, e suas letras vinham repletas das angústias de um rapaz da sua idade. Até 1996, ano em que foi ao Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, e ao Pelourinho, em Salvador, para gravar o clipe de They Don’t Care about Us, Jackson ainda vivia no mundo real. Cada vez mais, porém, ia sendo dominado pelo lado obscuramente infantilizado de sua personalidade, que o levaria, a certa altura, a se isolar em sua bizarra propriedade de Neverland – ou Terra do Nunca, em referência ao lugar em que vivia Peter Pan, o garoto que não queria crescer. Esse Jackson aberrante e patético encobriu o totem da revolução pop. Mas, com a sua morte, ele renasceu.

Certa vez, Michael afirmou que uma das metas de sua vida foi conquistar a imortalidade pela música. Não há dúvida de que conseguiu. Não só sua música. Há um pouco – ou muito – de Michael Jackson no canto e na dança de Justin Timberlake, Usher, Chris Brown, Rihanna... e até Prince, Madonna ou Black Eyed Peas. Antes de Michael Jackson, havia nichos sonoros para públicos específicos: o rock, o soul, a salsa. Depois de Michael Jackson, há... qualquer coisa que você vai ouvir, no universo do pop, nos próximos 20 anos. 

Neverland, 1 ano depois de morte de Michael
                                        

Após morte, aumenta o faturamento

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Quando morreu, em 25 de junho de 2009, Michael Jackson era um rei endividado - é notório que o dinheiro era a principal motivação do astro para voltar à cena, o que ele faria no show This is it - em fase de ensaio à época da morte.

Um ano depois, a situação financeira do espólio de Michael Jackson é outra. Segundo estimativas da Billboard, que procurou a indústria da música, da TV e do cinema para fazer as contas, o astro arrecadou notáveis 1 bilhão de dólares (cerca de 1,773 bilhão de reais), da data da morte até hoje.


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Desde junho, o astro vendeu cerca de 9 milhões de discos nos Estados Unidos. Fora desse país, as vendas bateram os 24 milhões no ano passado. O preço médio de cada CD é de 12 dólares - o que lhe rendeu, no total, algo como 383 milhões de dólares. Somando a isso as vendas de faixas digitais, os toques de celular e outros produtos do tipo, a Billboard chegou ao número de 429 milhões de dólares - somente para comercialização de música.

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Depois das músicas, Michael Jackson: This is It, o documentário sobre o ensaio do show que nunca houve, lançado em 28 de outubro de 2009, é o segundo colocado no ranking de arrecadações. Ao todo, ele trouxe ao espólio 392 milhões de dólares.

A conta é minuciosa e prevê, por exemplo, a valorização de bens existentes e até lançamentos futuros. A Mijac, gestora dos direitos autorais do catálogo do cantor, valia 75 milhões de dólares em 2005. Hoje, pode ser vendida por 150 milhões. O contrato de lançamento de álbuns, pela Sony Music Entertainment, até 2017, deve garantir ganhos de algo entre 200 e 250 milhões de dólares.

O valor mais interessante, porém, não é o maior. Cerca de 6,5 milhões de dólares dizem respeito aos milhares de ingressos da turnê This is It. Em vez de reclamarem o reembolso, um direito garantido pela organização do show, muitos dos fãs preferiram guardar o tíquete como lembrança. Ponto para o espólio.

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Com informações de Veja, Contigo e Época

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