Redirecionamento

sábado, 30 de outubro de 2010

Gabriel Luiz: O rumo do Brasil nos próximos 4 anos está em jogo

Acabou. Após mais de dois meses de campanha exaustiva tanto para o candidato quanto para o eleitor, ela está enfim encerrada. E o que podemos guardar como saldo final dessas eleições? Que balanço podemos fazer a um dia do Gran Finale? Devemos nos envergonhar da forma em que a disputa foi conduzida, priorizando temas restritivos – como, entre outros, a questão religiosa – em detrimento de propostas concisas para o futuro do nosso país? Ou deveríamos nos alegrar da real aplicação da lei da Ficha Limpa, depois de muita reviravolta por causa de um polêmico tempo verbal? Convido você faça comigo uma análise dos pontos mais impactantes dessas Eleições 2010.

Lula, o grande cabo (de guerra) eleitoral e os candidatos improvisados

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Lula e Dilma durante o lançamento do PAC

Antes desconhecida, hoje com 57% dos votos válidos, Dilma Rousseff é a obra-prima do Presidente Lula. Usando sua popularidade recorde, ele fez o Brasil descobrir a sua candidata. A sua influência sobre a campanha petista foi além das gravações de programa eleitoral: Lula foi amplamente criticado por deixar de lado as funções da Presidência a ele atribuídas e apenas focar na campanha da Dilma. De fato, ele teve maior participação nessa campanha do que os próprios candidatos e conseguiu convencer o seu eleitorado de que Dilma é sinônimo de continuidade. Se isso é verdade ou não, é a partir do dia 1° de janeiro de 2011 que saberemos.

Já do lado do PSDB, a maior confusão é a escolha do candidato. Enquanto todos apostavam na indicação do Aécio Neves, o candidato tucano seria José Serra, ex-governador de São Paulo. Antes liderando as pesquisas iniciais, ele demorou muito para escolher seu vice (desconhecido também), Índio da Costa. Essa definição tardia possibilitou à candidata petista ultrapassá-lo. Apesar da constante queda, o ex-presidente FHC não foi em nenhum momento associado à campanha de Serra.


A participação da mídia

No fundo, quem pautava a campanha era a mídia. Quem lutava nessa campanha era a mídia. Era ela quem descobria os escândalos, ela quem definia o clima da disputa, ela quem vangloriava ou aniquilava determinado candidato.

Pela primeira vez, os jornais se assumiram e definiram os seus candidatos. É o caso, por exemplo, do Estado de São Paulo que em seu editorial manifestou apoio ao José Serra. Para o (e)leitor, isso representa a franqueza da imprensa, antes acusada de parcialidade. Ela ainda é tendenciosa... Mas declarada.

A mídia se atacou, se mordeu, se enforcou. Assistimos a uma verdadeira disputa entre as maiores revistas do Brasil. Quem não se lembra das revistas VEJA e ISTOÉ e suas capas antitéticas pró-Serra, pró-Dilma?

Mas a mídia também foi perseguida. Lula, no calor de um comício, deixou escapar que a imprensa tem muita liberdade. Fez acusações diretas à revista VEJA, e declarou repúdio à revista depois de uma matéria sobre a Erenice Guerra e o escândalo na Casa Civil. Dilma acusava a imprensa de criar factoides para prejudicá-la.

Curioso é que nos dias seguintes à essa matéria da VEJA, o governo afastou a Erenice. Se a imprensa é realmente mentirosa, não seria feio demitir uma inocente?


Baixaria eleitoral

Bolinha de papel, balão cheio d’água, calúnias na internet, foco no aborto e na questão religiosa, direitos de resposta...uma campanha marcada pelo alto grau de baixaria.

No evento da bolinha de papel a proporção do ataque foi minimizada. Não que uma bolinha de papel faça um grande estrago. Mas o que podemos dizer de militantes que não se respeitam, que não sabem aceitar as diferenças, que não conseguem controlar os ânimos? A real ferida não é a careca do Serra, nem o topete da Dilma. Quem sai sangrando nessa história toda é a democracia, que assiste de cima a esse lamentável espetáculo.

Debates fracos e palhaçada

Foram inúmeros os debates, e o que podemos nos lembrar deles? No que se refere a, tergiversar, trololó... Triste, não é? Foram debates mornos, concentrados em apenas um eixo (num tivemos privatizações, noutro Erenice/Paulo Preto, em um outro, aborto...). Quanto às propostas apresentadas, não tivemos nada além de mútuas acusações e enrolation entre os candidatos.

Já no último debate de ontem, na Rede Globo, caracterizado pela excelente mediação do William Bonner, o formato foi diferente. Diante de 80 eleitores indecisos, o nível foi mantido e propostas – ou pelo menos o que se pareça com isso – foram apresentadas. Uma pena que tenha sido tão tarde.

Mas essas Eleições foram também marcadas pelos candidatos digamos... não convencionais. Weslian Roriz foi diversão garantida nas noites de debates. Tiririca, durante o horário eleitoral. Lindolfo Pires e seu jingle na versão de Beat It assegurou muitas risadas no YouTube. Não, eu não estou defendendo a candidatura duvidosa deles. Acho triste que algo tão importante como a Política vire show de humor. Mas o que eles têm de mais palhaço do que um Sarney ou Collor da vida?

Ficha Limpa, título de eleitor e campanha virtual

Com decisão do STF, a lei da Ficha Limpa vale para essas eleições. Isso fez com que centenas de candidaturas fossem impugnadas, como a de Jáder Barbalho (PMDB-PA). A lei da Ficha Limpa é símbolo de um possível retorno da credibilidade da Política, hoje desacreditada.

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Título de eleitor: Vocêo usa para tudo, menos para votar

Título de eleitor, pra quê? Para tirar passaporte, para se inscrever na faculdade... Para votar? Não. Hoje você pode votar com qualquer documento com foto. Portanto, aguardo o dia em que poderemos dirigir apenas munidos com a carteira de identidade.

Os candidatos também ultrapassaram os limites físicos e tiveram participação no mundo virtual, aos moldes da campanha que elegeu Barack Obama. O eleitor pôde acompanhar a rotina do seu candidato, apoiá-lo e conversar com ele pelo Twitter. E essa é uma tendência digital que veio para ficar! Buscou-se o eleitor onde ele de fato está. Hoje não mais diante da televisão e sim, na grande maioria, navegando na Internet.



Marina Silva e os institutos de pesquisa

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Marina foi flertada por Dilma e Serra no segundo turno, 
mas preferiu assumir neutralidade em decisão conjunta com o PV

Ninguém discorda de que o crescimento da Marina Silva, representando uma política despolarizada para um eleitorado farto de tanto escândalo, foi o grande causador do segundo turno. Marina reacendeu o interesse dos jovens pela Política. Marina encantou e apresentou propostas. Marina surpreendeu quando todos os institutos de pesquisa a subestimavam.

Esses mesmos institutos que definiam a vitória petista no primeiro turno agora enfrentam a desconfiança do brasileiro, que não entende os critérios das pesquisas e questiona sua veracidade. A tão famosa margem de erro virou motivo de chacota aqui na Internet.

Agora que o jogo está feito, o que nos resta é esperar pelo resultado neste domingo. Vote com consciência e lembre que o voto direto, antes de tudo, é um direito conquistado a grande pena. Muito sangue fora derramado por esse direito ao qual não é dada tanta importância. Um direito que define o futuro do nosso país e que está em suas mãos. Eleição não é festa da democracia e sim o momento de reajustar os seus ponteiros.

Dito isso, bom voto!

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